Porque este El Ninho esta chamando tanto atenção dos surfistas? Entenda melhor o El Ninho Godzilla!
Desde que assisti o programa Desejar Profundo, do Carlos Burle, onde ele analisava a previsão das ondas para o Havaii na temporada de 2016 e ficou parecendo uma criança ao entrar na Disney quando fala sobre este seria um ano de El Ninho, comecei a estudar melhor este fenômeno e entender o significado dele para nós surfistas. Ainda naquele momento em que foi gravado o episódio, se falava apenas que 2016 seria um ano de El Ninho, mas até então não se falava em “El Ninho Goodzila”.
O que é o fenômeno El Ninho:
O El Ninho é um fenômeno que ocorre em intervalos de 3 a 7 anos e com maior intensidade entre dezembro e fevereiro, mas que pode ter duração de até 15 meses. O nome El Ninho foi dado pelos pescadores do norte do Peru, que observaram que de tempos em tempos havia menor captura de peixes e as temperaturas das águas ficavam mais altas do que o normal. Com associação ao período de natal, que geralmente é o período mais forte do El Ninho, o fenômeno foi chamado de “O Menino”, referindo-se ao “Menino Jesus”. Outra consequência do El Ninho são as variações climáticas, ocasionando fortes chuvas na costa oeste da America do Sul e secas na Indonésia e Austrália, o que junto disto pode trazer consequências horríveis para a população destas aéreas. Por outro lado, tende a ser algo muito esperado pelos surfistas.
O efeito do El Ninho para o Surfe.
Com a forte alteração da pressão atmosférica as tempestades que são provocadas a partir disto, ocasionam ondulações mais consistentes que chegam ao litoral, principalmente na região norte do Peru até o Sul da Califórnia. O momento de maior intensidade deste efeito é entre os meses de dezembro a fevereiro, no qual já favorecem o Havaí e o norte do Peru que já funcionam melhor com estas ondulações. Mas o efeito no oceano deve ser sentido pelo menos até o início da primavera, aonde também será possível observar as consequências no Chile e América Central.
Os registros de surfistas em diversos cantos do planeta, relatam melhores e mais consistentes ondulações nos anos de El Ninho, como por exemplo o relato do Carlos Burle no início do texto ao comentar sobre a previsão para este ano e também pela iniciativa da WSL (World Surf League) de olho no potencial das ondulações deste ano, anunciou que os surfistas que buscam ondas grandes pelo mundo para concorrer ao prêmio da XXL Big Wave Awards, receberão o dobro do valor em premiação. Sobretudo pelo fato de estarmos em ano de El Ninho.
Porque este El Ninho é tão diferente dos outros?
A possibilidade deste El Niño receber a categorização oficial de “strong event” — a mesma classificação dada aos dois maiores El Niño’s dos últimos 60 anos, registados em 1982/83 e 1997/98 – após a constatação de que nos meses de maio, junho e julho/2015 a temperatura superficial do Pacífico Equatorial (a área cientificamente usada para identificar o fenómeno) ter-se mantido 1,5ºC acima do normal (para ser declarado um “strong event”, a temperatura do mar tem de estar acima daquele valor durante três meses consecutivos) e em outubro já estava acima dos 2ºC. Após estes meses, a comunidade internacional de Meteorologistas divulgou em alvoroço, que este ano poderíamos presenciar um dos maiores fenômenos já visto, comparado ao até então mais potente, que ocorreu em 77/78. Segundo as previsões, este fenômeno irá se prolongar até próximo da primavera do hemisfério sul. Ainda comparando com o último mais potente fenômeno, em meados de novembro/15, as temperaturas do oceano no Pacífico Equatorial estavam ainda mais quentes do que eram em 77. Isto tem feito com que alguns especialistas têm chamado este fenômeno de “El Ninho Godzila”, pelo tamanho das proporções que isto pode causar.
Claro que para nós, surfistas, esta é uma notícia que empolga pelo fato que provavelmente teremos muitas ondulações para surfar neste verão e inverno entre o Chile e Califórnia, porém não podemos esquecer no ano de 77/78, houve mais de 35 bilhoes de dólares em destruição e mais de 23 mil mortes por todo o mundo devido às chuvas, secas, queimas e tempestades. Vamos torcer apenas para que seja um ano de boas ondas e um clima tranquilo!
Neste momento, estamos dentro do período em que o fenômeno deve ocorrer com maior intensidade como já é possível observar pelos gráficos das próximas semanas para o norte do Peru, que deve receber nos próximos 20 dias duas ondulações consistentes entre 1,8 e 2,5 metros. O que não é tão comum em um curto intervalo de tempo.